POESIAS

MEU ARQUIVO:


SER TÃO... SERTANEJO
                                       (Pe. Antônio Rodrigues)

Seu moço sou do sertão,
Sou filho lá da caatinga
De dia, sou cor do sol,
À noite, de estrelas ou de lua.

Conheço da terra, a secura;
Dos dias, a fome, o abandono...
Do clima, a “ingratidão”,
Da vida, a alegria!

Sou forte, sou sertanejo
Levo a vida como uma sina:
De vivê-la plenamente.

No final eu agradeço
De tê-la vivido 
Com a marca do meu SER TÃO... SERTANEJO.


MEU SERTÃO... SERTANEJOS
                                        (Pe. Antônio Rodrigues)

Sertão,
meu sertão... sertanejos,
Homens... mulheres fortes
cuja espoliação os persegue,
mas não fraqueja,
nem foge à luta.
 
Com sua foice, enxada ou facão...
insiste em fazer novo
meu sertão sertanejo.
 
De manhã, tarde ou noite,
com sua secular disposição,
vai ele ou ela, insistentemente,
no exercício de sua coragem
a fim de trazer, para casa,
"o pão sofrido da terra".

E quando o trás,
suado e minguado,
mal dá para matar sua fome,
que mata, e dos seus.
 
Andando,
palmo-a-palmo, sol-a-sol...
vai definindo seu curso,
o futuro de sua vida.
 
Ah! vida...!
Quanto vales pouco aqui!
Mas nós insistimos
por tê-la respeitada e plena.
 
Afinal,
é tudo o que temos,
ou aquilo que ainda nos resta.



VELHO CHICO
                        (Pe. Antônio Rodrigues)

"Eta São Francisco!"
das lindas tamarineiras,
que te enfeitam as margens,
olhando a correnteza.

Vais passando faceiro,
correndo cima-a-baixo...
"Velho Chico", rio da gente!

No seu leito os mistérios,
pra nós que daqui não somos.
Seus companheiros pescadores,
a-baixo, a-cima remando.

Desces lentamente, silenciosamente...
respeitando o curso,
levando aquilo que lhe passa à frente.
                                                                                             
                                               (Borda da Mata - Canhoba/SE, setembro de 1991)





BRANDÃO
(Pe. Antônio Rodrigues - maio / 2019)

Nasceu um menino,
que um dia nos foi dado.
No Rio Espera, pequenino,
serias um dia afamado.

Cresceu, ainda adolescente,
buscou o caminho do Senhor.
À Mãe de Deus, de amor ardente,
tornou-se um "bom pastor".

À Propriá designado,
vive o pastoreio intensamente,
deixou-a: feliz-triste-apaixonado!

De um povo que deras atenção,
ainda da "sua catedral":
ressoam os sinos Brandão!

(Uma homenagem à D. José Brandão de Castro - C.Ss.R, por ocasião do CENTENÁRIO do seu nascimento)




A VOZ DO ENTARDECER
                                          (Pe. Antônio Rodrigues)

E à noite,
quando o sol descambava por trás do horizonte,
quando ainda se fazia ouvir
as celestiais badaladas das Ave-Marias:
os pássaros já não cantavam;
as cigarras, pelas quaresmas, adormeciam;
galinhas nos “poleiros”...
A sinfonia de sapos, nas noites invernadas, ouvia-se a todo lado!
Mas também, ouviam-se, a voz daquela que
encantava os entardeceres.
Ela esperava seu amado, que não tardava a chegar!
Dizem os que à ouviram:
“Sua voz era bela, seu canto ainda ouve-se a cada entardecer!”